sexta-feira, 7 de março de 2014
Passamos por isso
Enquanto espalhavas álcool
pela mente, Rousseau, fígado,
Azevedo, desenhos, Machado,
Platão, diário, Pessoa,
biografias de deusas do jazz,
biografias de demônios beats,
eu rezava,
por ti, rezava,
junto de outros românticos
que jamais conhecerei.
Rezávamos, mulher-tocha,
antes mesmo de Quixote
arquitetar a vingança.
Rezávamos do bar,
do manicômio, rezávamos.
Rezávamos da biblioteca,
da montanha, rezávamos.
Rezávamos do subterrâneo,
do leito, rezávamos.
Rezávamos do palco,
da universidade, rezávamos.
Passamos por isso, garota.
O mal das pessoas
cuja carne cresce
em progressão aritmética,
ao passo que, a alma,
em progressão geométrica
- hora mais, hora menos -,
não suportar-se-á
nos limites do barro.
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Renato Silva,
uma cidade nas nuvens